Inflação alta, crédito mais caro e aumento de impostos são os principais motivos, revela pesquisa da FecomercioSP; índice que mede a confiança do consumidor cai 14,5% em janeiro em comparação ao mesmo mês do ano passado
A confiança do consumidor paulistano registrou queda de 14,5%, ao passar de 131,7 pontos em janeiro de 2014 para 112,7 pontos no mesmo período deste ano, segundo dados do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), pesquisa feita mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). Na comparação com o mês de dezembro de 2014, houve queda de 0,2%. Para a assessoria econômica da FecomercioSP, esses dados confirmam a perda da confiança do consumidor paulistano que ocorre desde o fim do ano de 2013.
Ainda na comparação mensal, os consumidores que ganham dez salários mínimos ou mais se apresentaram mais confortáveis com o cenário econômico - passando de 108,5 para 111,3 pontos (2,6%) -, do que aqueles que ganham menos de dez salários mínimos, de 115,1 para 113,3 pontos (-1,5%).
A pesquisa também mostrou que as mulheres estão mais confiantes do que os homens, com alta no índice de 1,2% ante a queda de 1,6%, respectivamente. Ao analisar por faixa etária, os que tem 35 anos ou mais estão mais satisfeitos do aqueles que possuem menos de 35 anos ( 2,8% contra -2%).
A pesquisa ICC é composta por mais dois índices: um deles mede a satisfação do consumidor com o momento econômico atual, o Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA); e o outro analisa a expectativa do consumidor quanto ao cenário futuro, Índice de Expectativa ao Consumidor (IEC).
O ICEA passou de 108,7 pontos em dezembro para 110,7 pontos em janeiro. Este aumento de 1,9% pode ser atribuído aos rendimentos do 13º salário, e também à expectativa do reajuste do mínimo vigente no mês. Já na comparação com janeiro de 2014, a queda foi de -15%. Já o IEC apontou que os consumidores ainda estão pouco confiantes em relação ao futuro da economia, principalmente por causa do baixo crescimento da renda em função de inflação elevada, crédito mais caro e anúncio de aumento de impostos. O índice caiu 1,5% ao passar de 115,8 para 114 pontos. Com relação a janeiro do ano passado, o recuo foi de -14,1%.
Metodologia
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela FecomercioSP desde 1994. Os dados são coletados de aproximadamente 2,1 mil consumidores do município de São Paulo. O objetivo da pesquisa é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta as condições econômicas atuais e as expectativas quanto à situação econômica futura.
Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e para a formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 1990, a equipe econômica da FecomercioSP adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no País, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central.
Sobre a FecomercioSP
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Congrega 155 sindicatos patronais e administra, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A Entidade representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes. Esse universo responde por 11% do PIB paulista - aproximadamente 4% do PIB brasileiro - e gera cerca de cinco milhões de empregos.