Principais players e especialistas do setor discutiram os desafios
do setor em workshops e conferências durante os três dias da principal feira do
segmento na América Latina
Além de promover a
concretização de negócios e o fortalecimento do networking, Navalshore 2012 - Feira e Conferência
da Indústria Naval e Offshore, o principal encontro do segmento
naval e offshore na América Latina, que teve sua nona edição encerrada nesta
sexta-feira (3/8) no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro, promove,
em conferências e workshops, discussões sobre os avanços tecnológicos e
planejamento estratégico do segmento naval e offshore. Durante os três dias de
evento, temas como formação de mão de obra, conteúdo local e desafios de
competitividade foram abordados em concorridos encontros.
Um dos destaques foi a
inédita conferência WorkBoat South America, realizada com o objetivo de
fomentar a discussão em torno das soluções práticas para o crescimento
sustentável e ganho de competitividade da navegação de apoio. "Gostaria de
parabenizar a UBM Brazil pela realização deste evento", ressaltou Ronaldo
Lima, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo
(Abeam). "Havia, no País, 43 embarcações do tipo no início dos anos 90. Hoje
são 429 e até 2020, por conta do pré-sal, chegarão a 686. É um mercado com
potencial e deixamos aqui um pedido: a flexibilização da norma que exige dois
terços de tripulação de brasileiros nas embarcações. Quando formulada, foi
importante para a manutenção de empregos, mas hoje o mercado mudou e está
carente de oficiais de Marinha Mercante", continuou Lima.
Em sua palestra na
WorkBoat South America, o contra-almirante da Marinha do Brasil Sergio Freitas,
ex-comandante do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), apresentou
números do mais recente estudo em relação a oficiais da Marinha Mercante.
"Em 2011 havia uma falta de 906 profissionais no País. Mas estamos nos
esforçando, junto às entidades do setor de navegação, para que tenhamos, em
2020, 10.550 oficiais para atender à crescente demanda", explicou.
Outro tema abordado no
programa da conferência foi o grau de eficiência energética das embarcações que
tem se tornado um dos pilares das empresas que buscam tecnologia aliada à
redução de custos. Esta é a principal ideia do Conceito de Perda Mínima (em
inglês, LowLostConcept LLC), apresentado pela finlandesa Wärtsilä. "O
mais interessante da Navalshore 2012 é a possibilidade de manter um
relacionamento mais estreito com clientes e empresas interessadas em conhecer
as inovações da Wärtsilä. A feira cresceu bastante este ano e todos os retornos
são muito positivos, tanto os de troca de experiências quanto os que
possibilitam o incremento de nossa cartela de clientes", disse o gerente
de vendas da divisão de Ship Power, Rodrigo Brito.
Conteúdo local. Além do
WorkBoat South America, outras palestras e workshops atraíram grande público. A
gerente de Conteúdo Local da ABS Group, Thereza Moreira, proferiu palestra, na
manhã de sexta, sobre o tema "Conteúdo Local" para um auditório
lotado e fez um diagnóstico do setor: "A quantidade de empresas que nos
procuram para obter a certificação de conteúdo local aumentou consideravelmente
nos últimos tempos, o que demonstra o cenário positivo do setor. A Navalshore é
importante porque concentra todos os stakeholders do segmento e vemos, cada vez
mais, a participação da indústria nacional".
Ricardo Marinheiro,
tecnólogo Naval da Galena Engenharia, foi um dos ouvintes da palestra e
destacou a importância da feira. "Como minha empresa trabalha diretamente
com certificação, participar da Navalshore é a oportunidade de saber como estão
as tendências do mercado nas conferências e workshops. Nos pavilhões encontrei
também muitos clientes em potencial, principalmente os estrangeiros
interessados em trazer conhecimento e capital para o País, desenvolvendo,
assim, a nossa indústria naval", frisou.
"Participar da
Navalshore foi uma oportunidade de encontrar fornecedores de produtos básicos,
bem como novas tecnologias. As palestras foram de alto nível e abriram novos
horizontes para mim", destacou Denis de Campos Mello, gerente de Operações
Fluviais da Naveriver Navegação Fluvial.
Soldagem. Outra palestra
que chamou a atenção no último dia da nova edição da Navalshore foi a dedicada
ao tema "A soldagem na área naval e offshore". Um dos conferencistas
foi o engenheiro José Luis Cunha, gerente de construção de montagem e módulos
da Petrobras, que ressaltou a necessidade de formação qualificada destes
profissionais para que os prazos do plano de negócios da empresa sejam
cumpridos. "Nosso desafio é ter profissionais bem formados para, dentre
outras coisas, reduzir os índices de reparos e cumprirmos todas as etapas do
nosso plano de negócios no prazo certo", disse.
Cunha destacou que há,
atualmente, sete sondas de perfuração com contratos já assinados, 21 com a
licitação concluída e outras cinco em negociação, em um total de 33 projetos
para serem iniciados em curto prazo. Além disso, oito novos cascos e quatro
conversões de cascos estão em andamento. "A soldagem neste tipo de obra é
extremamente importante. Queria agradecer a oportunidade de participar desta
edição da Navalshore e trazer a mensagem de que a Petrobras conta com o empenho
da indústria naval para cumprir os prazos do plano de negócios",
concluiu.
A palestra, que contou
ainda com apresentações de novidades tecnológicas da ITW Welding Brasil e
Böhler, chamou a atenção de Jennifer de Souza, chefe de Departamento na área de
Planejamento do Estaleiro STX OSV, de Niterói (RJ): "A Navalshore promove
a ligação das empresas do setor, de forma que se crie um ambiente de
concorrência e, principalmente, de crescimento em conjunto. Estou muito
otimista. Temos hoje, em Niterói, o dobro de estaleiros em relação ao que
tínhamos há quatro anos. Além disso, assisti estas palestras sobre soldagem que
mostraram processos automatizados, um avanço para os complexos brasileiros,
acostumados aos sistemas manuais".
Lean. A ineficiência
exige mais e mais recursos financeiros e humanos", afirma o gerente de
operações da LM Innomaritime, José Manuel Martín Alonso, que apresentou o
workshop "Lean Shipbuilding - Os princípios de gestão que guiarão a
revolução no setor naval". Especialistas na aplicação do método Lean na
indústria naval, a empresa espanhola participa da Navalshore 2012 para
prospectar clientes entre os estaleiros brasileiros e implementar o sistema
consolidado na indústria automotiva já há várias décadas. "A produção
naval tem uma cadeia extremamente longa e complexa e quanto maior for o
encadeamento das fases de produção mais crucial é a adoção de práticas que
identifiquem e eliminem as etapas que não agregam nenhum valor ao processo.
Atrasos em cadeias de produção tão longas deflagram reações em cadeia que
muitas vezes comprometem o processo de forma irreversível", diz
Alonso.
O executivo da LM
Innomaritime acredita que a adoção do método Lean pode, inclusive, minimizar o
impacto negativo da carência de mão de obra qualificada, uma vez que ao
eliminar ineficiências a operação é otimizada como um todo, permitindo reduzir
desperdícios de pessoa e de recursos. "O investimento não tem retorno se a
operação se compromete com processos desnecessários. Percebemos que no Brasil a
adoção do sistema seria de extrema importância em função da grande e variada
carteira de encomendas de navios que está sendo definida para os estaleiros
locais, disse. Alonso exemplifica o ganho de produtividade conquistado com a
adoção do método Lean na indústria naval: Em um cliente, o sistema permitiu
diminuir de 19 dias para dois o processo de fabricação de navipeças",
afirma Alonso
Expositores da
Navalshore pela primeira vez, a LM Innomaritime deve definir representação no
Brasil até o final do ano. "A feira é um excelente termômetro do mercado
brasileiro e pelo que estamos vendo nesses três dias de evento, precisamos
estar presentes no Brasil", afirmou Alonso.
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