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08 agosto 2012

Navalshore 2012: avanços tecnológicos e formação de mão de obra na pauta da indústria naval brasileira


Principais players e especialistas do setor discutiram os desafios do setor em workshops e conferências durante os três dias da principal feira do segmento na América Latina

Além de promover a concretização de negócios e o fortalecimento do networking, Navalshore 2012 - Feira e Conferência da Indústria Naval e Offshore, o principal encontro do segmento naval e offshore na América Latina, que teve sua nona edição encerrada nesta sexta-feira (3/8) no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro, promove, em conferências e workshops, discussões sobre os avanços tecnológicos e planejamento estratégico do segmento naval e offshore. Durante os três dias de evento, temas como formação de mão de obra, conteúdo local e desafios de competitividade foram abordados em concorridos encontros. 

Um dos destaques foi a inédita conferência WorkBoat South America, realizada com o objetivo de fomentar a discussão em torno das soluções práticas para o crescimento sustentável e ganho de competitividade da navegação de apoio. "Gostaria de parabenizar a UBM Brazil pela realização deste evento", ressaltou Ronaldo Lima, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam). "Havia, no País, 43 embarcações do tipo no início dos anos 90. Hoje são 429 e até 2020, por conta do pré-sal, chegarão a 686. É um mercado com potencial e deixamos aqui um pedido: a flexibilização da norma que exige dois terços de tripulação de brasileiros nas embarcações. Quando formulada, foi importante para a manutenção de empregos, mas hoje o mercado mudou e está carente de oficiais de Marinha Mercante", continuou Lima.

Em sua palestra na WorkBoat South America, o contra-almirante da Marinha do Brasil Sergio Freitas, ex-comandante do Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (Ciaga), apresentou números do mais recente estudo em relação a oficiais da Marinha Mercante. "Em 2011 havia uma falta de 906 profissionais no País. Mas estamos nos esforçando, junto às entidades do setor de navegação, para que tenhamos, em 2020, 10.550 oficiais para atender à crescente demanda", explicou. 

Outro tema abordado no programa da conferência foi o grau de eficiência energética das embarcações que tem se tornado um dos pilares das empresas que buscam tecnologia aliada à redução de custos. Esta é a principal ideia do Conceito de Perda Mínima (em inglês, LowLostConcept –LLC), apresentado pela finlandesa Wärtsilä. "O mais interessante da Navalshore 2012 é a possibilidade de manter um relacionamento mais estreito com clientes e empresas interessadas em conhecer as inovações da Wärtsilä. A feira cresceu bastante este ano e todos os retornos são muito positivos, tanto os de troca de experiências quanto os que possibilitam o incremento de nossa cartela de clientes", disse o gerente de vendas da divisão de Ship Power, Rodrigo Brito.

Conteúdo local. Além do WorkBoat South America, outras palestras e workshops atraíram grande público. A gerente de Conteúdo Local da ABS Group, Thereza Moreira, proferiu palestra, na manhã de sexta, sobre o tema "Conteúdo Local" para um auditório lotado e fez um diagnóstico do setor: "A quantidade de empresas que nos procuram para obter a certificação de conteúdo local aumentou consideravelmente nos últimos tempos, o que demonstra o cenário positivo do setor. A Navalshore é importante porque concentra todos os stakeholders do segmento e vemos, cada vez mais, a participação da indústria nacional".

Ricardo Marinheiro, tecnólogo Naval da Galena Engenharia, foi um dos ouvintes da palestra e destacou a importância da feira. "Como minha empresa trabalha diretamente com certificação, participar da Navalshore é a oportunidade de saber como estão as tendências do mercado nas conferências e workshops. Nos pavilhões encontrei também muitos clientes em potencial, principalmente os estrangeiros interessados em trazer conhecimento e capital para o País, desenvolvendo, assim, a nossa indústria naval", frisou.

"Participar da Navalshore foi uma oportunidade de encontrar fornecedores de produtos básicos, bem como novas tecnologias. As palestras foram de alto nível e abriram novos horizontes para mim", destacou Denis de Campos Mello, gerente de Operações Fluviais da Naveriver Navegação Fluvial.

Soldagem. Outra palestra que chamou a atenção no último dia da nova edição da Navalshore foi a dedicada ao tema "A soldagem na área naval e offshore". Um dos conferencistas foi o engenheiro José Luis Cunha, gerente de construção de montagem e módulos da Petrobras, que ressaltou a necessidade de formação qualificada destes profissionais para que os prazos do plano de negócios da empresa sejam cumpridos. "Nosso desafio é ter profissionais bem formados para, dentre outras coisas, reduzir os índices de reparos e cumprirmos todas as etapas do nosso plano de negócios no prazo certo", disse. 

Cunha destacou que há, atualmente, sete sondas de perfuração com contratos já assinados, 21 com a licitação concluída e outras cinco em negociação, em um total de 33 projetos para serem iniciados em curto prazo. Além disso, oito novos cascos e quatro conversões de cascos estão em andamento. "A soldagem neste tipo de obra é extremamente importante. Queria agradecer a oportunidade de participar desta edição da Navalshore e trazer a mensagem de que a Petrobras conta com o empenho da indústria naval para cumprir os prazos do plano de negócios", concluiu. 

A palestra, que contou ainda com apresentações de novidades tecnológicas da ITW Welding Brasil e Böhler, chamou a atenção de Jennifer de Souza, chefe de Departamento na área de Planejamento do Estaleiro STX OSV, de Niterói (RJ): "A Navalshore promove a ligação das empresas do setor, de forma que se crie um ambiente de concorrência e, principalmente, de crescimento em conjunto. Estou muito otimista. Temos hoje, em Niterói, o dobro de estaleiros em relação ao que tínhamos há quatro anos. Além disso, assisti estas palestras sobre soldagem que mostraram processos automatizados, um avanço para os complexos brasileiros, acostumados aos sistemas manuais".

Lean. “A ineficiência exige mais e mais recursos financeiros e humanos", afirma o gerente de operações da LM Innomaritime, José Manuel Martín Alonso, que apresentou o workshop "Lean Shipbuilding - Os princípios de gestão que guiarão a revolução no setor naval". Especialistas na aplicação do método Lean na indústria naval, a empresa espanhola participa da Navalshore 2012 para prospectar clientes entre os estaleiros brasileiros e implementar o sistema consolidado na indústria automotiva já há várias décadas. "A produção naval tem uma cadeia extremamente longa e complexa e quanto maior for o encadeamento das fases de produção mais crucial é a adoção de práticas que identifiquem e eliminem as etapas que não agregam nenhum valor ao processo. Atrasos em cadeias de produção tão longas deflagram reações em cadeia que muitas vezes comprometem o processo de forma irreversível", diz Alonso. 

O executivo da LM Innomaritime acredita que a adoção do método Lean pode, inclusive, minimizar o impacto negativo da carência de mão de obra qualificada, uma vez que ao eliminar ineficiências a operação é otimizada como um todo, permitindo reduzir desperdícios de pessoa e de recursos. "O investimento não tem retorno se a operação se compromete com processos desnecessários. Percebemos que no Brasil a adoção do sistema seria de extrema importância em função da grande e variada carteira de encomendas de navios que está sendo definida para os estaleiros locais”, disse. Alonso exemplifica o ganho de produtividade conquistado com a adoção do método Lean na indústria naval: “Em um cliente, o sistema permitiu diminuir de 19 dias para dois o processo de fabricação de navipeças", afirma Alonso 
Expositores da Navalshore pela primeira vez, a LM Innomaritime deve definir representação no Brasil até o final do ano. "A feira é um excelente termômetro do mercado brasileiro e pelo que estamos vendo nesses três dias de evento, precisamos estar presentes no Brasil", afirmou Alonso.

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