Fernando
Trevisan*
Em 2005,
quando a cidade de Londres venceu a disputa para sediar a Olimpíada de 2012, os
europeus não imaginavam que o Velho Continente e o mundo mergulhariam numa das
mais graves e duradouras crises do capitalismo. Esta, contudo, não impediu que,
mesmo sob as limitações de orçamentos mais apertados, os investimentos
alcançassem o equivalente a 30 bilhões de reais e as obras fossem entregues com
britânicapontualidade. Para efeito de comparação, os custos de instalações e
infraestrutura para a competição de 2016 são de R$ 23,2 bilhões, segundo o site
oficial do Comitê Organizador do Rio de Janeiro.
Alguns
números relativos aos jogos deste ano desafiam as adversidades fiscais, a
estagnação e as dificuldades enfrentadas pelas nações da Zona do Euro: 11
milhões de ingressos emitidos,sendo 75% vendidos no próprio Reino Unido; R$
1,753 bilhão apenas para a produção das cerimônias de abertura (esta encantou o
mundo!) e encerramento; um milhão de equipamentos esportivos, incluindo 26.400
bolas de tênis, 2.700 bolas de futebol, 600 alvos de tiro com arco e 376 pares
de luvas de boxe; dois milhões de visitantes; 14 milhões de refeições servidas
no Parque Olímpico; a construção deste gerou empregos para 46 mil
trabalhadores, e 200 mil pessoas trabalham durante a competição.
Tais
estatísticas, em pleno cenário macroeconômico turbulento e preocupante do Velho
Continente, mostram que o esporte, como negócio, é análogo à têmpera dos
próprios atletas quanto à infinita capacidade de superar metas e obstáculos.
Não é sem razão, portanto, que o setor atrai cada vez mais publicidade e
investimentos. Por isso mesmo, conforme ficou evidente na exemplar organização
dos londrinos, é indispensável a profissionalização de sua gestão, incluindo a
formação acadêmica de profissionais competentes, a constituição de todo um
acervo deconhecimento e sua aplicação prática nos clubes, seleções, administração
dearenas, captação de patrocínios, licenciamento de marcas, comercialização de
cotas de TV e negociação dos direitos federativos dos atletas, dentre outras
atividades.
É
importante multiplicar ações capazes de fomentar o setor, como promover
congressos, seminários e feiras voltados às áreas de gestão e marketing
esportivo, pois as demandas serão imensas no Brasil nos próximos anos, em
decorrência da Copa das Confederações, em 2013, Copa do Mundo da FIFA, em 2014,
em 12 cidades de nosso país, e a Olimpíada de 2016, no Rio de Janeiro. Também
ocorrem um incremento do Campeonato Brasileiro de Futebol, inclusive da série
B, a crescente predominância de nossos clubes na conquista de títulos de
campeões da Copa Libertadores da América, com sua maior internacionalização, e
a diversificação do interesse do público por distintas modalidades, conforme é
possível observar nos Jogos Olímpicos de Londres.
Nesse
contexto, profissionalismo, competência, conhecimento e experiência são
elementos fundamentais. Trata-se de fatores decisivos para que, a exemplo da
Pira Olímpica, a chama dos bons negócios ligados ao esporte jamais se apague!
*Fernando Trevisan é pesquisador e consultor da Trevisan Gestão do
Esporte.
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