Para
atender a crescente demanda brasileira de energia elétrica, tendo como base um
PIB de 4,5% ao ano, o Brasil vai precisar quase dobrar a capacidade instalada
de seu parque gerador de energia elétrica, aumentando de 121 mil MW para 230
mil MW a potência instalada.
Esse
aumento de 110 mil MW - equivale à capacidade instalada de cerca de oito usinas
de Itaipu, maior geradora de energia elétrica do mundo, com 14 mil MW de
potência instalada.
“É
com esse panorama e desafio que o governo federal trabalha o planejamento
estratégico do setor”, segundo Márcio Zimmermann, secretário-executivo do
Ministério de Minas e Energia (MME). Ele esteve nesta quarta-feira (13), em Foz
do Iguaçu, a convite do diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, para falar sobre
o atual cenário elétrico do País.
Zimmermann
já trabalhou como engenheiro na usina de Itaipu no final da década de 1970 e
início dos anos de 1980.
Ainda
de acordo com o secretário-executivo, para garantir a segurança energética
nacional e o atendimento da crescente da demanda, o País vai ter que
diversificar ainda mais a matriz elétrica, que tem quase 70% de sua base
hidráulica.
No
ano passado, a hidreletricidade respondeu por 86% da produção de energia
elétrica, somando a parte brasileira de Itaipu e o que é importado da parte do
Paraguai. O restante veio de outras fontes como o gás, usina nuclear, carvão,
bagaço de cana, eólica e outras biomassas.
“Se o
Brasil tem 260 mil MW de potência estimada para hidrelétricas, sabemos que só
se consegue viabilizar 160 mil MW deste total”, afirmou o secretário-executivo.
Por
esse motivo, é preciso aproveitar a grande malha elétrica do sistema
interligado para outras matrizes como o gás não convencional, com quatro ou
cinco grandes jazidas espalhadas pelo País, uma delas no Paraná.
Diversificar
para crescer
Segundo
o secretário-executivo, o Brasil seguirá seus investimentos em hidreletricidade
e em fontes renováveis, como a eólica e solar, mas também manterá o plano para
a geração por gás, nuclear a carvão. Nenhum potencial deve ser negligenciado
para que o País possa continuar seu ritmo de desenvolvimento. “Temos um
carro-chefe [a hidreletricidade], mas há espaço para todas as fontes”,
disse.
Hoje,
o consumo de energia per capita no Brasil é de 2.400 kW/h. “Com o aumento da
distribuição de renda, esse número tende a subir e devemos chegar, nos próximos
anos, a 4.800 kW/h, o que não é sonho, é realidade”, explicou.
“Este
é nosso desafio energético. E essa projeção nos equiparará à África do Sul, e
não chega nem perto do consumo na Europa, por exemplo”.
Para
atingir esse patamar, é preciso ter um sistema bem regulado e fiscalizado, além
de desmistificar o uso de outras fontes, como carvão, estigmatizado pelos
problemas ambientais e sociais das carvoarias, no passado. “Sou otimista que as
fontes alternativas crescerão”, disse.
Capacitação
O
secretário-executivo disse ainda que a capacitação dos gestores do sistema
elétrico é peça fundamental para o desenvolvimento e manutenção do setor. Isto
aplica-se não só aos operadores técnicos das usinas, mas aos gestores
financeiros, aos reguladores e fiscalizadores. “As empresas, e o grupo
Eletrobras, são parte disso, têm que ser bem geridas”, disse.
Como
exemplo positivo, ele citou Itaipu, que em sua construção trouxe técnicos
experientes de diversas empresas do setor. “Itaipu era um desafio que foi
cumprido e com índices muito bons, e opera com excelência”, afirmou. “Cada
usina tem peculiaridade, sua realidade. É preciso conhecê-la para operá-la”.
Defesa
da hidreletricidade
Segundo
o secretário, a Itaipu, que bateu seu próprio recorde de produção em 2012,
serve como modelo para a defesa da hidreletricidade não só por seu feito em
geração, mas também por ter sido promotora de desenvolvimento econômico e
social da região de Foz do Iguaçu. “É este tipo de desenvolvimento que queremos
levar à Belo Monte”, disse.
No
caso das usinas plataforma, instaladas no Tapajós, este outro modelo de
hidrelétrica foi adotado porque estão em área de floresta, com menos impacto
ambiental, e não tem como mote anexo o desenvolvimento urbano.
Menor
tarifa
Zimmermann
falou ainda sobre as mudanças impostas pela Medida Provisória 579/2012,
instrumento que reduz a tarifa de energia até o consumidor. Transformada na Lei
12.783/2013, a medida prorroga por 30 anos as concessões de geração,
transmissão e distribuição de energia, e por 20 anos as concessões às térmicas
das concessionárias que aceitaram reduzir suas tarifas. “O consumidor em Quebéc
[Canadá] paga 20 reais o MWh. Aqui, no Brasil , paga-se cinco vezes mais”,
explicou como uma das justificativas da medida.
A
Itaipu
A
Itaipu Binacional é a maior usina de geração de energia limpa e renovável do planeta
e foi responsável, em 2012, pelo abastecimento de 17,3% de toda a energia
consumida pelo Brasil e de 72,5% do Paraguai. Em 2012, superou o próprio
recorde mundial de produção e estabeleceu a marca de 98.287.128 megawatts-hora
(98,2 milhões de MWh). Desde 2003, Itaipu tem como missão empresarial “gerar
energia elétrica de qualidade, com responsabilidade social e ambiental,
impulsionando o desenvolvimento econômico, turístico e tecnológico,
sustentável, no Brasil e no Paraguai”. A empresa tem ainda como visão de futuro
chegar a 2020 como “a geradora de energia limpa e renovável com o melhor
desempenho operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do mundo,
impulsionando o desenvolvimento sustentável e a integração regional”.
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