A Nota de Conjuntura do Instituto de Economia da
Associação Comercial de São Paulo traz notícias boas e ruins sobre a inflação
em junho, medida pelo IBGE e divulgada no último dia 5.
O primeiro ponto positivo foi o próprio IPCA, que
aumentou 0,26% em junho em relação a maio - um certo alívio, pois o mercado
esperava por uma elevação mais acentuada. Isso pode ser explicado pela
desaceleração da inflação dos alimentos, remédios e bens duráveis
(eletrodomésticos) e pela maior deflação (inflação negativa) dos combustíveis.
Outra boa notícia é a diminuição do índice de
dispersão da inflação, que passou de 63% em maio para 55,3% em junho, indicando
que menos produtos da cesta básica ficaram mais caros.
O sinal vermelho aparece quando se analisa o IPCA
acumulado nos últimos doze meses, que alcançou 6,7%, ultrapassando a margem de
tolerância máxima da meta de inflação (6,5%).
Alerta também quanto ao setor de serviços, para o
qual "as notícias tampouco são animadoras, com aceleração da inflação
acumulada nos últimos doze meses, que alcançou 8,6% no último mês, frente a
8,5% registrado em maio, refletindo que os aumentos de salário acima da
produtividade continuam exercendo pressão sobre os custos das empresas",
segundo a Nota de Conjuntura.
Nos próximos meses, de acordo com o documento, a
inflação dos alimentos deverá desacelerar em razão da superação dos problemas
climáticos. Os preços dos transportes deverão recuar após a revogação dos
aumentos das tarifas de ônibus nas principais capitais.
Confira abaixo a íntegra da Nota de
Conjuntura da ACSP, que também apresenta informações sobre a influência do
câmbio na inflação:
INFLAÇÃO DE JUNHO: BOAS E MÁS NOTÍCIAS
A inflação, medida pelo Índice de Preços ao
Consumidor Amplo, divulgada hoje pelo IBGE, alcançou a 0,26% no mês de junho,
abaixo das expectativas de mercado. A descompressão dos preços pode ser
explicada pela desaceleração da inflação dos alimentos, remédios e bens
duráveis (eletrodomésticos) e pela maior deflação (inflação negativa) dos
combustíveis.
Outros pontos positivos do resultado mensal foram
a diminuição do índice de dispersão da inflação, que passou de 63,0% em maio
para 55,3% em junho, indicando que uma proporção menor dos produtos da cesta
básica passou a custar mais no período. Por sua vez, as medidas de núcleo do
IPCA, que excluem do índice a variação dos preços de alimentos e energia, de
natureza mais volátil, apresentaram redução em suas médias durante o mesmo
período, diminuindo de 0,5% para 0,4%, respectivamente.
Contudo, O IPCA acumulado em doze meses alcançou
a 6,7%, ultrapassando mais uma vez a margem de tolerância máxima da meta de
inflação (6,5%), fato que já ocorreu em meados de 2011 e em março desse ano, e,
que nessa caso se explica, em parte, pela menor margem de comparação em relação
ao ano passado, afetada pela desoneração do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) concedida ao setor automobilístico (Gráfico 1).
No setor serviços, as notícias tampouco são
animadoras, com aceleração da inflação acumulada nos últimos doze meses, que
alcançou 8,6% no último mês, frente a 8,5% registrado em maio, refletindo que
os aumentos de salário acima da produtividade continuam exercendo pressão sobre
os custos das empresas.
Que cenário podemos esperar para os próximos
meses? Por um lado, no caso dos alimentos, a superação dos problemas climáticos
deverá desacelerar o crescimento dos preços, enquanto o aumento dos preços do
transporte deverá ser revertido após a revogação dos aumentos das tarifas de
ônibus nas principais capitais.
Esses efeitos poderiam configurar um cenário de
desaceleração da inflação a partir do segundo semestre, porém, também deve ser
considerado o impacto da intensa desvalorização do Real ocorrida nas últimas
semanas, e que parece haver colocado a taxa de câmbio num patamar mais elevado.
Essa desvalorização, aumenta o preço interno das matérias primas agrícolas, o
que deverá elevar o preço dos alimentos nos próximos meses. Ademais, as
empresas brasileiras dependem de forma importante da importação de componentes,
insumos e equipamentos, que tendem a encarecer com o aumento do valor da
divisa, pressionando seus custos, e, levando ao repasse aos preços finais.
De fato, a maior taxa de câmbio já está
impactando os índices gerais de preços, como o Índice Geral de Preços -
Disponibilidade Interna (IGP-DI), que apresentou forte aceleração em junho,
alcançando 0,8%, ante aumento de 0,3% em maio.
A aceleração dos índices gerais de preços
reflete, em sua maior parte, a inflação existente no atacado, que, com o passar
do tempo, termina sendo transferida aos preços que enfrentam os consumidores
finais.
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