Sociedade Brasileira de Patologia alerta que gordura e consumo
excessivo de álcool também afetam o funcionamento do órgão
Nos
últimos meses, o câncer de fígado vem ganhando espaço na mídia, associado ao
uso de anabolizantes. Porém, não é apenas o uso desse produto que afeta o
funcionamento do fígado - outros fatores como consumo excessivo de álcool e
hepatites podem alterar o funcionamento do órgão.
“As
duas grandes causas de cirrose e de câncer de fígado em todo o mundo atual são
infecções virais como hepatites C e B e as doenças gordurosas do fígado, sejam
elas decorrentes de etilismo ou de distúrbios metabólicos associados à
obesidade e/ou diabetes”, comenta o médico professor Venâncio Avancini Ferreira
Alves, membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) e professor titular do
Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o
câncer de fígado é um dos mais comuns entre homens, com 7,5% do total de casos
entre o sexo masculino. É também um dos que mais matam, devido ao diagnóstico
tardio ou dificuldade no tratamento.
Alves
ainda alerta que aproximadamente entre 80% e 90% dos casos com este tipo de
câncer são associados à cirrose, podendo ter evolução inicialmente
silenciosa e lenta; a maior parte é inicialmente assintomática, ou seja, sem
sintomas, podendo se manifestar naqueles pacientes com doença em estágios mais
avançados: dor no hipocôndrio direito, aumento do volume abdominal, febre e
icterícia.
O
diagnóstico precoce é uma das maneiras mais eficazes para combater a
doença. O procedimento é realizado por exames clínicos como dosagem
de proteínas produzidas pelo tumor e identificáveis por exames de sangue
específicos (alfa-fetoproteína), exames de imagem como ultrassonografia de
abdômen, ressonância magnética e tomografia computadorizada.
Quando
um nódulo é identificado, além do exame de imagem, a caracterização histológica
pode ser buscada mediante biópsia. Na maior parte dos casos, utiliza-se a
biópsia por agulha, sendo o diagnóstico histológico efetuado por um médico
patologista. “Quando diagnosticado precocemente, ou seja, com o nódulo tumoral
inferior a 2 cm, quando ainda é possível a ressecção ou o
transplante, o índice de sobrevida em cinco anos chega próximo de 90 %. Nos
casos mais avançados, essa taxa de sobrevida cai cerca de 10%”,
comenta o patologista.
“Outro avanço tem sido a
reconsideração dos principais grupos de especialistas internacionais no sentido
de voltar a efetuar a biópsia por agulha grossa dirigida por ultrassom ou por
tomografia com finalidade de obtenção do diagnóstico histopatológico,
identificando o tipo de lesão, sua graduação, análises moleculares, oferecendo,
assim, informes úteis para a seleção da melhor estratégia para tratamento”,
finaliza Alves.
Nenhum comentário:
Postar um comentário