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11 abril 2014

Software Defined Network (SDN): novo paradigma, modelo ou tecnologia?

Bandeira que está mudando a face do mercado de TIC, o SDN nasceu no conceito de virtualização de servidores e está se estendendo para a rede, firewalls e storage, chegando a todo o Data Center; o SDN é o centro de uma feroz disputa de mercado, em que cada fornecedor propõe sua visão de um futuro em que o software assumirá tarefas antes realizadas pelo hardware


Paulo Henrique Pichini*

Está bastante claro ao mercado que a acelerada proliferação dos dispositivos móveis e do Big Data está demandando processos de virtualização e de distribuição de serviços e soluções em uma nova esfera – esfera que, de forma estrutural ou macro, chamamos de nuvem.  Embora recente, o conceito e a metodologia de consumo e tarifação em cloud já esta se difundindo e muita cultura foi criada.

Num processo mais rápido do que se esperava, o tema que tratava primordialmente de nuvens públicas e privadas ganhou maiores proporções – agora, todas as discussões são voltadas para nuvem hibrida.

Isso significa dizer que o mercado começa a se preparar para que, em um futuro próximo, as empresas tenham seus modelos de oferta e disponibilização de TI sendo levados ao usuário final de forma self service, provisionada e com tarifação mensalizada. Olhando para este cenário, que parece obscuro num primeiro momento mas óbvio em seguida, torna-se possível entender porque se fala de SDN (Software Defined Network, rede definida por software) há mais de 3 anos mas só agora este conceito chegou de forma definitiva, arrebatando as atenções dos maiores eventos de  TI e comunicação em todo mundo. 

Virtualização estende-se para todo o ambiente de TIC

Com o reconhecimento do valor dos modelos de virtualização de servidores e desktops, percebeu-se que o ambiente de TIC pode ter muito mais serviços virtualizados, de maneira a poder ser programado, gerenciado e monitorado de forma muito mas rápida, eficiente e com menor custo. O SDN tem como conceito básico abstrair a complexidade de cada componente da rede e automatizar os mecanismos de switching, routing, definição de QoS, balanceamento de carga, storage e segurança em plataformas únicas e padronizadas, chamadas de Hypervisor’s.

Através desta plataforma, recursos, políticas e regras aplicáveis a cada um dos elementos citados (roteador, switch, etc.), podem ser modificados em segundos. Isso é feito por software e com interfaces amigáveis. Seria um ganho fantástico, não fosse o fato de os fabricantes implementarem o conceito utilizando formas e arquiteturas diferentes de seus concorrentes. O objetivo desta estratégia é preservar os interesses e o market share de cada vendor. É que todos sabem que seu futuro depende de sua visão SDN.

Os motivos técnicos para essa realidade são claros. Tomemos como exemplo a movimentação de um servidor virtual do Rack A para o Rack B. Neste instante, pare e pense quanto tempo demoraria para realizar essa operação equacionando, ao mesmo tempo, as regras de segurança do Firewall e do balanceamento, a identificação de todas as portas físicas dos switches, e muito mais detalhes. Algumas horas, talvez dias seriam necessários para a realização desta operação?

Com SDN implementado da forma correta, esta movimentação aconteceria em minutos.

O momento atual é de atenção e ainda muitas padronizações a serem consolidadas, desde o fluxo na camada de rede criando as novas e automáticas redes virtuais até o orquestrador – o elemento capaz de tratar este ambiente, depois de longa e complexa programação, planejamento e implementação. Não se pode esquecer, ainda, os gateways ou controllers, capazes de conectar o novo ambiente SDN ao legado tradicional. Afinal, ninguém pensa em migrar toda a rede para o novo conceito.

Software assume tarefas antes realizadas pelo hardware

Note, ainda, que este modelo está mudando radicalmente o discurso dos tradicionais fabricantes de hardware de rede.  Muitos dos mecanismos de definição de rota, comutação, tratamento de QoS e políticas de segurança que aconteciam em hardwares parrudos e específicos terão, agora, suas funções realizadas em camadas mais altas de software, instalados em maquinas virtualizadas.

Em viagem ao passado e entrando em alguns detalhes um pouco mais técnicos, o SDN me faz recordar os idos anos 90. Era a época do ATM (Asynchrnous Transfer Mode), que criava circuitos virtuais (Privados e Comutados) e ainda na negociação de criação da rede definia a necessidade ou não de maior ou melhor QoS. E, para completar, o LEC (Lan Emmulation), emulava o ambiente tradicional, para permitir interconexão entre redes ATM e não ATM (caso das redes Ethernet). O SDN tem mecanismos muito semelhantes, mas com forma de tratamento e tamanho de pacotes muito diferentes desses padrões do passado.

Como aconteceu naquela época e acontece agora, fabricantes se juntam e criam grupos de padronização, fazendo com que gigantes líderes de mercado se posicionem tentando trazer e criar um novo padrão de controle de fluxo, além de basear a estratégia de divulgação na Aplicação. Trata-se de uma briga que sequer começou e não podemos dizer ainda onde vai parar. O que podemos afirmar é que o SDN já esta sendo implementado e é realidade, com foco muito direcionado ao Data Center – neste caso, chamado de SDDC (Software Defined Datacenter). É bom lembrar que o SDN, algo que diz respeito primariamente à rede, também agrega valor a dispositivos de segurança, balanceadores, storage, etc. Naturalmente, essas soluções irão alocar recursos de rede e da infraestrutura.

SDN simplifica e aumenta a eficiência dos ambientes de TIC

O SDN, que nasce como um monstro de 7 cabeças e características muito exclusivas, vem, na verdade, simplificar e aumentar a eficiência dos ambientes de TIC, preparando este universo para o cenário virtualizado atual e, principalmente, para o uso de informação globalizada e independente, baseada em cloud computing. Os profissionais mais experientes notarão o amadurecimento e a revitalização turbinada de mecanismos já vistos. Para os executivos há menos tempo no mercado, a chegada do SDN é um momento especial para criar conhecimento e experiência em uma área digital e virtual. Mais do que nunca, conhecer o negocio final da corporação usuária será fundamental na arquitetura, provisionamento e definição de ambientes de TIC.

Do lado dos fabricantes, é muito gratificante poder participar, mesmo como expectador, deste processo de reinvenção de todo o mercado. É espetacular vê-los fazer uso da tecnologia que eles mesmos inventaram para disseminar e tornar viral suas novas estratégias de marketing e comercial.

*Paulo Henrique Pichini é CEO & President da Go2neXt Cloud Computing Builder & Integrator

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