Ainda sinto o impacto do sonho, como se tivesse vivido algo real demais para ser ignorado. Era uma noite comum, daquelas em que a gente deita sem esperar nada extraordinário. Mas, quando fechei os olhos, você apareceu. Não como alguém distante, desses que surgem como lembranças borradas. Você estava ali, presente, consciente, segurando algo que eu precisava muito ouvir.
No sonho, você me encarou com uma urgência serena. Disse que precisava me contar um segredo — algo importante demais para continuar guardado apenas dentro de você. Havia uma tensão leve no ar, misturada com um tipo de ternura que só existe quando as palavras estão prestes a mudar tudo. Eu senti meu coração acelerar, não de medo, mas de expectativa. Que segredo seria esse? Por que justo eu precisava saber?
Combinamos um encontro. Um lugar que não existia na vida real, mas que no sonho fazia absoluto sentido: uma praça iluminada pela lua, silenciosa, onde até o vento parecia preso no tempo. Você se aproximava devagar, como se cada passo fosse uma escolha. Eu observava seu rosto, tentando identificar qualquer pista do que viria a seguir. Seus olhos pareciam carregar histórias demais, e eu queria ouvir todas elas.
E então… naquele exato instante em que seus lábios começaram a se mover, tudo ruiu. O despertador tocou.
Acordei num salto, perdida entre a frustração e a curiosidade. A realidade não teve piedade: arrancou você de perto de mim sem explicação. Ali estava eu, com o coração pulsando rápido demais para quem simplesmente sonhou. Fiquei encarando o teto, tentando agarrar algum fragmento do que você iria dizer. Nada. Como se o sonho tivesse levado consigo a chave de um mistério que nunca pedi, mas que agora me pertence.
O que você queria me contar?
Passei o dia tentando decifrar sinais inexistentes. Revirei lembranças, inventei possibilidades. Seria uma confissão? Um aviso? Uma revelação sobre algo que ainda está por vir? Estranho como o cérebro insiste em completar histórias incompletas, mesmo quando a lógica diz que não vale a pena. Mas como ignorar algo que parecia tão real?
Talvez o segredo fosse sobre você. Ou talvez fosse sobre mim, algo que eu ainda não enxerguei. Quem sabe fosse uma ponte ligando nossos destinos — mesmo que só dentro desse universo paralelo onde sonhos ditam as regras e sentimentos têm voz própria.
O que mais me intriga é o olhar que você me deu antes de acordar. Não era de medo. Era como quem finalmente tomou coragem. Como quem sabe que certas verdades não podem ficar guardadas para sempre. Esse olhar ainda me acompanha, como se dissesse que esse segredo não terminou ali. Que pode voltar. Que talvez, em outra noite qualquer, eu consiga ouvir o final dessa história interrompida pelo som impiedoso do despertador.
E assim sigo, de olhos atentos e coração inquieto, esperando que o sonho retorne.Porque agora eu preciso saber.Qual era o segredo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário