Integração com outros modais é necessária para que sistemas sobre trilhos funcionem com eficácia
O metrô de São Paulo tem atualmente uma rede de 70,6 quilômetros e registrou neste ano a maior demanda de sua história, proporcionalmente à população da capital. São quatro milhões de passageiros por dia, que representam 35% da população da cidade. Como a demanda cresce mais rapidamente do que a capacidade do metrô, o sistema registrou também a sua pior avaliação, de acordo com pesquisa divulgada pelo Datafolha no dia 7 de setembro.
Foi a primeira vez que menos da metade (47%) dos usuários avaliou o serviço como ótimo ou bom – 8% a menos do que na pesquisa de 2008. Os dados refletem a previsão de muitos especialistas em mobilidade urbana, que dão conta de que o metrô está prestes a ficar saturado, com muito público para pouco espaço. Para eles, é urgente que o poder público invista na construção de modais complementares ao metrô, e não somente em sua expansão, e em maneiras de aumentar seu público, como ocorre quando são ampliadas as integrações.
Uma alternativa importante que está sendo implantada em muitas capitais brasileiras, especialmente com investimentos da Copa do Mundo de 2014, é o BRT (do inglês Bus Rapid Transit). Trata-se de um sistema de transporte de ônibus em corredor exclusivo, segregado do trânsito comum. Somente no Rio de Janeiro, que também será sede dos Jogos Olímpicos em 2016, quatro grandes corredores BRT serão construídos - com os nomes de TransOeste, TransCarioca, TransOlímpica e TransBrasil -, somando 155 km de vias exclusivas para ônibus.
Segundo dados da Fundação Clinton de Desenvolvimento Internacional e do Instituto Jaime Lerner, a grande vantagem do BRT é que sua implantação é mais rápida e mais barata do que as opções sobre trilhos. O levantamento dessas instituições mostra que o metrô pode levar cerca de nove anos para ser implantado em um trecho de 10 quilômetros; VLTs, em torno de sete anos; e o BRT em torno de 2,5 anos para cobrir a mesma distância. Quando o aspecto é custo, as diferenças são assustadoras: a implantação do metrô implica em investimentos da ordem de R$ 2,1 bilhões por quilômetro, VLTs custam R$ 404 milhões, e BRT, R$ 11 milhões para o mesmo trecho.
Em São Paulo, um corredor nesses moldes liga o ABC à capital desde 1997. É o Corredor ABD, da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), operado pela concessionária Metra. Com 33 quilômetros de extensão, o sistema funciona baseado na prioridade ao transporte de passageiros, de tal forma que até os semáforos que cruzam o corredor são sincronizados com a programação das linhas de ônibus. Pelas suas características de transporte rápido, o corredor registra uma média de 21 km/h nos horários de pico, velocidade bastante superior à média dos ônibus comuns, mesmo nas faixas “exclusivas”, mas não segregadas, que é de 11km/h.
O corredor paulista foi um dos locais visitados pelo secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro, Alexandre Sansão, responsável pela implantação dos corredores que promoverão a ampla reformulação das formas de locomoção da população carioca, estimularão a racionalização do atual sistema de ônibus e darão maior agilidade aos deslocamentos das pessoas. "O corredor ABD impressiona pela eficiência conseguida, com simplicidade e foco na qualidade do serviço prestado ao usuário", disse o secretário.
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