Debate na entidade mostra que os investimentos para o evento vão se perpetuar na cidade
A Copa do Mundo de 2014 terá impacto de R$ 10 bilhões na prestação de serviços do País e a cidade de São Paulo será uma das principais beneficiadas por esses aportes, de acordo com previsão apresentada ontem (dia 29) durante o Encontro Setorial – Hotelaria e Turismo, realizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
“Na cidade de São Paulo, qualquer investimento para a Copa é um investimento para sempre”, afirmou no encontro o superintendente institucional da ACSP, Marcel Solimeo. “Temos cerca de 90 mil eventos por ano, o que torna São Paulo um importante polo de turismo de negócios. Com esse potencial, o investimento da Copa não acaba em si, mas deixará estruturas de que a cidade continuará a usufruir por vários outros anos”, completou.
Na mesma linha, Márcio Aranha, superintendente geral da ACSP, enfatizou que “o evento não é uma oportunidade pontual, mas o início de uma sequência”.
Executivos do Sebrae presentes no Encontro Setorial da ACSP apresentaram um estudo realizado pela entidade em conjunto com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) desenhando o cenário no País até o mundial de 2014. Entre outros setores, a Copa representará oportunidades de negócios também para micro e pequenas empresas, principalmente em setores como madeira e móveis, têxtil e vestuário, agronegócios e turismo e serviços.
Segundo os dados apresentados no estudo, a cidade recebeu 11,7 milhões de visitantes em 2010, sendo 10,1 milhões do Brasil e 1,6 milhão de estrangeiros. Além disso, a capital paulista movimenta cerca de R$ 9,6 milhões ao ano por meio do turismo, gera um PIB de US$ 282 milhões (cerca de 15% do PIB nacional). A capacidade hoteleira é de 410 estabelecimentos e 42 mil leitos, índice superior à capacidade de leitos exigida pela a FIFA. No entanto, dada a alta taxa de ocupação dos hotéis da cidade (70% a 80%), os município da Região Metopolitana serão de vital importância para incrementar o potencial de leitos.
Cássio Santos, coordenador dos Projetos Estaduais do Sebrae-SP, disse que a Copa de 2014 trará 600 mil turistas do exterior ao Brasil, que deverão gastar US$ 3,9 bilhões no período de realização dos jogos. Além disso, segundo ele, 3,1 milhões de turistas brasileiros gastarão R$ 5,5 bilhões. Quanto à geração de empregos, serão criados 332 mil postos permanentes de trabalho e 381 mil temporários. O consumo deve ter aumento de R$ 5 bilhões e serão arrecadados R$ 16,8 bilhões em tributos totais e R$ 10,6 bilhões em impostos federais.
Para o Sebrae, com a megaestrutura do evento, a simbiose entre os negócios dos mais diferentes portes e segmentos será fundamental. A ideia é que as micro e pequenas empresas sejam fornecedoras e apoiadoras dos grandes negócios e, com isso, seja formada uma cadeia em que todos se beneficiem. Todos os setores serão fundamentais para esse grande evento, o que gerará um círculo virtuoso. É fundamental, segundo a entidade, que as MPEs explorem as possibilidades geradas pela Copa, pois elas irão gerar diferenciais tanto para a própria empresa como o mercado como um todo.
Darcy Paulino Lucca Junior, executivo do Sebrae, declarou que “no mundo, há um ambiente recessivo e de poucas oportunidades em países desenvolvidos. Europa e EUA apresentam uma situação delicada, China começa a vivenciar questões sensíveis, o que faz com que o Brasil venha a emergir como uma ‘tábua da salvação’”, disse.
De acordo com o especialista, a Copa do Mundo trará visibilidade para São Paulo, mas dada a infraestrutura da cidade, será mais um evento que a cidade irá sediar. “É claro que temos várias melhorias a serem feitas, especialmente no transporte. Mas São Paulo já conta com um esquema de transporte, hospedagem e abastecimento para milhões de pessoas”, recordou Darci. “Isso não é excesso de otimismo, e sim uma realidade que vivenciamos no cotidiano”.