*Gustavo Gassmann
Desde sua invenção, há cerca de quatro mil anos, a chave mecânica provou ser um método barato para a abertura de portas, veículos e outros bens. Porém, muitas aplicações para a chave mecânica foram pouco a pouco sendo eliminadas com a chegada de uma forma mais segura e gerenciável de controle de acesso – os cartões de plástico – que, ao longo dos anos, tornaram-se cada vez mais inteligentes e seguros, com a inclusão de criptografia, e diversos outros itens de segurança. Agora, um salto na tecnologia de controle de acesso torna arcaicas as chaves mecânicas e até cartões. É a chegada de uma nova era de chaves digitais e credenciais que podem ser incorporadas em um smartphone e outros dispositivos móveis.
Com o passar dos anos, a tecnologia de controle de acesso tem evoluído bastante, desde a tradicional tecnologia de proximidade de baixa frequência (125 Khz) até a tecnologia mais sofisticada e inteligente como a de alta frequência (13,56 MHz), que também pode ser usada para múltiplas aplicações como login no computador, autenticação biométrica, pagamento sem dinheiro, entre muitas outras.
A tecnologia Near Field Communications (NFC), onde a comunicação é feita em um curto alcance, permite que os dados sejam trocados entre os dispositivos a uma distância de até dez centímetros. Muito mais que apenas para pagamentos, um telefone celular equipado com a tecnologia NFC pode ser usado para carregar uma credencial de identidade portátil. O processo operacional é o mesmo que ocorre com o cartão inteligente sem contato, basta apenas aproximar o celular do leitor. Esta tendência já pode ser evidenciada no mercado, onde a maioria dos fabricantes de celulares já está incorporando a tecnologia NFC em seus smartphones. Segundo uma pesquisa realizada pela IHS iSuppli, os fabricantes irão entregar cerca de 550 milhões de telefones com NFC em 2015.
Um dos primeiros exemplos deste tipo de aplicativo foi testado recentemente no Hotel Clarion Estocolmo, na Suécia, onde em um projeto piloto, a chaves dos quartos foram substituídas com chaves digitais que foram enviadas para os telefones celulares dos hóspedes. Na ocasião, antes de chegar ao hotel, estes hóspedes receberam uma mensagem de texto com um link para onde pudessem fazer o check-in e, em seguida, o hotel mandou uma chave do quarto eletrônicos para seus telefones. Assim que compareceram ao hotel, eles foram capazes de pular o check-in na recepção e ir diretamente para seus quartos, onde eles abriram a porta segurando o celular na frente da fechadura da porta. Entre outros benefícios, esta experiência resultou em ganho de tempo e comodidade aos hóspedes.
Além de cortar custos de controle de acesso e criar novas oportunidades de mercado, as chaves digitais e credenciais de identificação portáteis também são mais seguras. No mínimo, os usuários serão muito mais propensos a notar e relatar um telefone perdido do que perceber a falta de um cartão. Outro fator de segurança que pode ser embutido é o acréscimo de um ou mais fatores de autenticação. Assim como ocorre hoje, no acesso a um prédio federal, em caixa eletrônico, onde dois fatores de autenticação são necessários para provar a identidade, como exemplo, uma senha e um código PIN ou um cartão e uma senha. Com um telefone NFC, a autenticação de dois fatores pode ser utilizada quando necessária. Assim pode-se ter um aplicativo que, por exemplo, exige que o usuário digite uma senha de quatro dígitos no telefone antes de enviar a mensagem para abrir a porta.
Existem muitas aplicações futuras para a tecnologia NFC. E o celular, com certeza, será o grande hospedeiro desta tecnologia, uma vez que atinge a grande maioria das pessoas. No Japão, os sistemas de pagamento NFC já estão instalados em restaurantes fast-food, metrô, táxis e máquinas de venda automática. Os campi universitários também serão candidatos ideais para esta tecnologia. Os alunos serão capazes de utilizar telefones celulares com NFC para entrar em edifícios, pagar o estacionamento, fazer compras, usar no sistema de trânsito campus, conferir materiais de biblioteca, identificar-se antes de fazer testes e também em recursos de acesso em computador.
Outra aplicação pode ser feita em cartazes inteligentes de marketing onde consumidores podem usar seus telefones NFC para ler um tag no cartaz que os leva para uma página web especial em seu telefone com mais informações, como um trailer para o filme e a opção de comprar bilhetes no cinema mais próximo.
Independentemente da aplicação, as credenciais de identidade portátil permitirão aos usuários adquirir, entregar, dividir e modificar facilmente suas chaves eletrônicas. Com o controle de acesso acoplado ao telefone NFC, a tarefa administrativa de gerenciamento de chaves torna-se muito mais simples.
O mesmo telefone que usamos para fazer chamadas, enviar e receber e-mails, fazer download, navegar na Internet, agora também pode ser usado para abrir portas e oferecer uma ampla variedade de capacidades de controle de acesso e serviços. Trata-se de mais conveniência ao usuário e maior segurança.
*Gustavo Gassmann é Diretor de Vendas do Brasil, da HID Global, especializada em soluções de identificação segura.
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