Em julho, a prefeitura
da cidade de Assis (Itália) instala na Piazza Santa Maria degli Angeli a oitava
obra pública da carreira de Denise Milan. “Mandala de Pedra” foi recebida como
doação do Instituto Fetzer (Michigan, EUA) e faz parte da instalação “No reino
do amor e do perdão: a linguagem das pedras”, que a artista projetou e realizou
especialmente para a mostra organizada no Palazzo del Monte Frumentario, em
2012, como parte do A Global Gathering, evento realizado pelo instituto em
Assis.
Disposta no chão, a "Mandala de
Pedra" parece um intrumento de navegação da Terra dentro de nosso sistema
solar, orientada pelo átomo do quartzo (representado por uma estrela de seis
pontas), como um padrão geométrico que nos integra com o universo. Construída
de pedra calcária rosa e branca retiradas do Monte Subásio, em Assis, tem em
seu centro uma meia esfera azul de sodalita brasileira, um símbolo da Terra.
Sacralidade na geometria, sacralidade em aprender com a pedra que cada um é
parte do todo.
“No reino do amor e do perdão: a linguagem
das pedras” dá seguimento aos importantes trabalhos anteriores que Denise Milan
já disponibilizou pelo mundo. Também neste, ela faz uso de seu meio de
expressão preferido: “Pedras em estado natural, que não são esculpidas nem
buriladas, mas talhadas para remeter à condição humana em sua complexa
natureza. A sólida matéria mineral é retirada da natureza para exibir sua
energia em sintaxes densamente simbólicas”, explica a crítica de arte Sonia
Régis*.
Com muitos anos de convivência com as pedras,
Denise Milan evidencia nesta obra porque escolheu esta matéria para suportar e
encarnar seu pensamento: “As pedras acatam e sustentam de modo pertinente
as metáforas que se associam ao destino humano. Um destino de contínua
superação, além do mero exercício da sobrevivência, de sentido espiritual, que
a arte representa de modo contundente”, continua Sonia.
Ainda segundo a crítica de arte, “ao idear um
projeto com o particular propósito de ser instalado em Assis, lugar fortemente
demarcado pelas revelações de duas grandes inteligências sensíveis, São
Francisco e Giotto, Denise Milan aliou ao seu corajoso poder criador uma exímia
dose de compreensão da história humana e sua correlação com a arte. Conseguiu
conceber uma composição com o intuito simbólico de religar a tradição à
atualidade”.
* As citações de Sonia Régis foram extraídas do artigo ‘O horizonte na
arte’, a ser publicado pela Revista Ângulo n.133.
Sobre Denise Milan
Nascida em São Paulo, Denise Milan exerce seu trabalho artístico em áreas
como fotocolagem, escultura, e perfomance, usando a pedra como eixo criativo.
Expôs suas obras em diversas instituições do Brasil, Europa, EUA e Ásia.
Ativista e líder do movimento pela Arte Pública. Possui instalações permanentes
em locais como Vale do Anhangabaú e Jardim das Esculturas do MAM (São Paulo), e
Chicago Museum Campus. Criou e dirigiu a Ópera das Pedras e o projeto de
arte-educação Espetáculo da Terra, desenvolvido em comunidades da periferia,
abordando a integração do homem com sua cidade e com a Terra. Autora de
Cadumbra, livro com metapoemas de Haroldo de Campos, e co-organizadora de Gemas
da Terra – Imaginação, estética e hospitalidade, entre outros. www.denisemilanstudio.com
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