Patologista
neuromuscular Beny Schmidt alerta para os riscos que a obesidade pode trazer ao
corpo humano
A obesidade está presente em dois terços
da população humana mundial. Ela é muito mais que um problema estético, é um
problema de qualidade de vida que interfere diretamente na função dos órgãos e
sistemas do corpo humano.
O sobrepeso tem sido considerado um dos
maiores problemas de saúde pública de muitos países. Segundo estudo divulgado neste mês pelo "Overseas Development
Institute", um dos principais centros de estudo
sobre desenvolvimento internacional da Grã-Bretanha, o número de adultos acima do peso ideal
ou obesos nos países em desenvolvimento quadriplicou desde 1980. De acordo com
a pesquisa, quase um bilhão de pessoas que mora em nações como China, índia,
Indonésia e Brasil estão acima do peso.
Para Beny Schmidt, chefe do Laboratório
de Patologia Neuromuscular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a
causa desse aumento no número de pessoas obesas é o sedentarismo. Segundo ele, a maior parte das pessoas costuma
trabalhar sentada e movimenta-se pouco durante o dia. Além disso, as jornadas
de trabalho são tão intensas e longas que a maioria não consegue tempo para se
exercitar.
Alimentos como doces, carnes gordas,
queijo amarelo e manteiga também são considerados grandes vilões nessa
história, já que são lipídios de natureza gordurosa. Porém, o que muita gente
não sabe é que os órgãos mais afetados são os tecidos musculares. Segundo Beny
Schmidt, os lipídios que se localizam sob forma de gotículas de gordura dentro
das células musculares podem, em alguns casos, alterar todo o bom funcionamento
energético tanto do tecido muscular esquelético quanto do cardíaco.
O tecido muscular esquelético constitui a
maior parte da musculatura do corpo de qualquer ser vivo vertebrado, recobrindo
totalmente o esqueleto. Por isso, o acúmulo exagerado de gordura pode
prejudicar a prática de esportes físicos, diminuindo a performance da pessoa e
acarretando problemas como a atrofia secundária, principalmente nos idosos.
Já em relação aos tecidos musculares
cardíacos, a obesidade pode ser ainda mais prejudicial. O patologista Beny
Schmidt explica que, muitas vezes, a obesidade pode levar as pessoas a
desenvolverem uma insuficiência cardíaca precoce. Isso porque o transporte de
sangue e as trocas gasosas do corpo humano têm um limite por célula
desenvolvido pela natureza que não se suporta com o aumento exagerado do peso.
Além disso, para ele, é dever da ciência,
de pesquisadores e de médicos alertarem a população sobre os riscos que a
obesidade pode trazer. Deve-se resgatar a melhor qualidade de vida para todos
aqueles que, diante das novas maravilhas do mundo tecnológico, acabaram esquecendo
que praticar exercícios físicos é essencial.
O tratamento da obesidade deve ser
reconhecido como uma doença e, por isso, o controle alimentar, a qualidade dos
alimentos ingeridos e a prática de atividades físicas devem ser supervisionadas
por um médico.
Sobre o Dr. Beny Schmidt
Beny Schmidt é chefe do Laboratório de Patologia
Neuromuscular e professor adjunto de Patologia Cirúrgica da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp). Ele e sua equipe são responsáveis pelo maior
acervo de doenças musculares do mundo, com mais de dez mil biópsias realizadas,
e ajudou a localizar, dentro da célula muscular, a proteína indispensável para
o bom funcionamento do músculo esquelético - a distrofina. Beny Schmidt possui
larga experiência na área de medicina esportiva, na qual já realizou consultorias
para a liberação de jogadores no futebol profissional e atletas olímpicos. Foi
um dos criadores do primeiro Centro Científico Esportivo do Brasil, atual
Reffis, do São Paulo Futebol Clube, e do CECAP (Centro Esportivo Clube Atlético
Paulistano).
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