Gustavo Girotto, jornalista
Alguns resultados preliminares
são dignos de uma boa reflexão. Poucos amigos, no máximo dois, conseguiram
ingressos nos jogos – esse já é o pontapé inicial da abertura. Outro impasse,
no meio campo, é o resultado de causa e efeito nos preços do famoso custo de
oportunidade das bandeirinhas nacionais. Em Copacabana, ora noticiado na grande
imprensa, um omelete de camarões grandes custa R$ 99,10. A receita leva seis
camarões e, pasmem, quatro ovos.
O misto quente em uma lanchonete custa a
bagatela de R$ 17,90. Já o croissant, com o mesmo recheio de queijo e presunto:
R$ 25,90. No aeroporto pipocam promoções e gols de placa: Combo com dois pães
de queijo e um café R$ 16,00 – como se fosse o melhor espaço de arquibancada do
estádio padrão cinco estrelas da Fifa.
O custo dos estádios para a Copa do
Mundo deve superar em mais de três vezes o valor informado pela CBF à Fifa,
quando o Brasil apresentou seu projeto para sediar o Mundial. Cópia do primeiro
levantamento técnico da Fifa sobre o País, noticiado pela imprensa, que foi
fechado em 30 de outubro de 2007 é que as arenas custariam US$ 1,1 bilhão,
cerca de R$ 2,6 bilhões. A última estimativa oficial, porém, dá conta de que o
valor chegará em torno de R$ 8,9 bilhões.
Alguns estudos divulgados também já
elevaram para quatro vezes esse valor previsto – e o bandeirinha não deu nem
sinal de impedimento. O discurso poético de aumento de investimentos em
transporte público - para quem mora nos grandes centros urbanos - ainda está
para inglês ver. O que fica claro, além de causar coceirinha na politicalha, é
que se a seleção canarinho for eliminada ou perder uma final em casa - a bola
sairá pela linha de fundo. O brasileiro é sentimentalista e, na conta final,
associará que o País não está indo tão ‘bem’ como a propaganda.
Choque de
realidade pós 'farra' fictícia, uma vez que a conta chegará com juros. No
jargão econômico, a prévia do PIB na próxima semana pode apontar uma recessão
técnica - quando a economia encolhe durante trimestres consecutivos. Ou seja, é
a retranca já armada para evitar tomar um gol nos 45 minutos do segundo tempo.
Diante de todos os fatos, o que se percebe, é uma real ausência de bons
técnicos em todas as pontas. Na arquibancada ou televisão, o que nos resta, é
tão somente aguardar os resultados. E eles, os cara pálidas, suportarem nossas
conclusões no apito final.
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