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28 novembro 2012

Otimismo responsável e realismo sensato

Antoninho Marmo Trevisan*

Organismos internacionais continuam enaltecendo o desempenho do Brasil, visto como uma das principais e honrosas exceções à duradoura crise mundial. Nesse contexto, o jornal britânico The Guardian, referindo-se a novo estudo do Centro de Pesquisa para Economia e Negócios (CEBR, em inglês), acaba de ratificar a posição de nosso país como a sexta economia, à frente do Reino UnidoO FMI foi além, estimando que o PIB brasileiro será o quinto maior já em 2015, superando a França.

Outra análise positiva aparece na Sondagem Econômica da América Latina, realizada em parceria pelo instituto alemão Info e a Fundação Getúlio Vargas. O estudo mostra que o Indicador de Clima Econômico do Brasil avançou 6,1% no trimestre de agosto a outubro deste ano, ante 5,2% no acumulado dos três meses imediatamente anteriores. O resultado da Rússia foi de 4,3%, o da Índia, 5,4%, e o da China, 4,7%. Nosso país apresenta-se, portanto, com o cenário mais favorável dentre os BRIC.

Devemos utilizar todas essas informações de modo inteligente, para que tenhamos condições de manter um grau responsável de otimismo e também uma postura de sensato realismo. Mais do que dialética, estamos diante de uma questão prática e objetiva: de um lado, não podemos achar que o crescimento econômico que vimos mantendo já é sustentável; de outro, não devemos nos contaminar pelos discursos catastróficos que às vezes são disseminados, sentenciando nossa economia ao fracasso iminente, como se tivéssemos uma bolha de consumo, caos no crédito e na liquidez e riscos para o sistema financeiro.

Somente com a isenção analítica é que a sociedade e o governo terão o devido foco para atacar os gargalos a serem solucionados. Alguns são de curtíssimo prazo, como a questão relativa ao preço da energia elétrica, que deverá ser reduzido a partir de janeiro de 2013, conforme a Medida Provisória 579, editada pela presidenta Dilma Rousseff, em trâmite no Congresso Nacional. O valor desse insumo é item de competitividade.  

E competitividade, como aparece com clareza no Indicador de Clima Econômico do Brasil, é o principal problema apontado pelo mercado. Neste aspecto, há as questões pontuais do câmbio, que não pode em hipótese alguma ficar abaixo de dois reais por dólar, e da necessidade de calibrar os juros num patamar que estimule os negócios sem risco de inflação. Em termos estruturais, repito os alertas que tenho feito em vários artigos: são prementes as reformas tributária, previdenciária e trabalhista, menos burocracia e mais segurança jurídica, infraestrutura e logística eficazes e educação de excelência.

Entre o céu e o inferno existem mais virtudes, conquistas e problemas a serem solucionados do que supõe a vã filosofia dos otimistas incontidos e dos arautos do apocalipse. Sem extremismos, com o pé no presente e o olhar no futuro, conscientes de nossos potenciais e desafios, devemos fazer as lições de casa necessárias e consolidar nossa posição entre as melhores e mais sólidas economias do Planeta.

*Antoninho Marmo Trevisan é presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

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