Organismos
internacionais continuam enaltecendo o desempenho do Brasil, visto como uma das
principais e honrosas exceções à duradoura crise mundial. Nesse contexto,
o jornal
britânico The
Guardian, referindo-se a novo estudo do Centro de Pesquisa para
Economia e Negócios (CEBR, em inglês), acaba de ratificar a posição de nosso
país como a sexta economia, à frente do Reino Unido. O FMI foi além,
estimando que o PIB brasileiro será o quinto maior já em 2015, superando a
França.
Outra
análise positiva aparece na Sondagem Econômica da América Latina,
realizada em parceria pelo instituto alemão Info e a Fundação Getúlio Vargas. O
estudo mostra que o Indicador de Clima Econômico do Brasil avançou 6,1% no
trimestre de agosto a outubro deste ano, ante 5,2% no acumulado dos três meses
imediatamente anteriores. O resultado da Rússia foi de 4,3%, o da Índia, 5,4%,
e o da China, 4,7%. Nosso país apresenta-se, portanto, com o cenário mais
favorável dentre os BRIC.
Devemos
utilizar todas essas informações de modo inteligente, para que tenhamos
condições de manter um grau responsável de otimismo e também uma postura de
sensato realismo. Mais do que dialética, estamos diante de uma questão prática
e objetiva: de um lado, não podemos achar que o crescimento econômico que vimos
mantendo já é sustentável; de outro, não devemos nos contaminar pelos discursos
catastróficos que às vezes são disseminados, sentenciando nossa economia ao
fracasso iminente, como se tivéssemos uma bolha de consumo, caos no crédito e
na liquidez e riscos para o sistema financeiro.
Somente
com a isenção analítica é que a sociedade e o governo terão o devido foco para
atacar os gargalos a serem solucionados. Alguns são de curtíssimo prazo, como a
questão relativa ao preço da energia elétrica, que deverá ser reduzido a partir
de janeiro de 2013, conforme a Medida Provisória 579, editada pela presidenta
Dilma Rousseff, em trâmite no Congresso Nacional. O valor desse insumo é item
de competitividade.
E
competitividade, como aparece com clareza no Indicador de Clima Econômico do
Brasil, é o principal problema apontado pelo mercado. Neste aspecto, há as
questões pontuais do câmbio, que não pode em hipótese alguma ficar abaixo de
dois reais por dólar, e da necessidade de calibrar os juros num patamar que
estimule os negócios sem risco de inflação. Em termos estruturais, repito os
alertas que tenho feito em vários artigos: são prementes as reformas
tributária, previdenciária e trabalhista, menos burocracia e mais segurança
jurídica, infraestrutura e logística eficazes e educação de excelência.
Entre
o céu e o inferno existem mais virtudes, conquistas e problemas a serem
solucionados do que supõe a vã filosofia dos otimistas incontidos e dos arautos
do apocalipse. Sem extremismos, com o pé no presente e o olhar no futuro,
conscientes de nossos potenciais e desafios, devemos fazer as lições de casa
necessárias e consolidar nossa posição entre as melhores e mais sólidas
economias do Planeta.
*Antoninho
Marmo Trevisan é presidente da Trevisan Escola de Negócios, membro do Conselho
Superior do Movimento Brasil Competitivo e do Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social da Presidência da República.
Nenhum comentário:
Postar um comentário