Entidades do setor automotivo, da indústria
metalúrgica, entre outras, entregaram ao governo federal, nessa segunda-feira
(25), uma proposta para renovar a frota de veículos pesados no Brasil.
Atualmente, são cerca de 230 mil caminhões com mais de 30 anos. Os
caminhoneiros autônomos representam 89% de motoristas desses veículos com
tecnologia ultrapassada.
Esses caminhões velhos poluem mais do que
os novos, contribuem para aumentar os riscos de acidentes e os
congestionamentos porque apresentam defeitos mecânicos com maior frequência.
Entretanto, os caminhoneiros autônomos têm dificuldades na aquisição de um
veículo novo. O maior obstáculo é o não cumprimento do pagamento eletrônico do
frete. Uma nova lei instituída em 2012 deu fim – ao menos no papel – à uma
prática com meio século de existência e que submete os caminhoneiros a um
regime análogo ao da escravidão.
O presidente da Associação dos Meios de
Pagamento Eletrônico de Frete (Ampef), Alfredo Peres, avalia positivamente a
iniciativa de renovação da frota de caminhões ultrapassados. No entanto, ele
destaca que a medida, caso se concretize, pode ser inócua se não contemplar a
parcela que realmente precisa de financiamento para a troca de veículo.
“O fato de não ter fiscalização do sistema
de pagamento eletrônico do frente e a não extinção da carta-frete gera duas
conseqüências. A sonegação no setor de transporte de cargas continuará em torno
de R$ 7 bilhões; e os caminhoneiros autônomos continuarão socialmente
excluídos, pois nunca conseguirão comprovar renda e contratar um
financiamento”, alerta.
A proposta entregue à Casa Civil e ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior é voltada para os caminhoneiros autônomos. Em linhas gerais, o Programa Nacional de Renovação de Frota funciona da seguinte forma: o caminhoneiro autônomo entrega o seu caminhão de mais de 30 anos a um centro de reciclagem e recebe um crédito tributário de R$ 30 mil e uma certificação de que o veículo foi destruído. Com esse documento, ele adquire um caminhão novo em alguma concessionária em condições especiais de financiamento, com juros baixos e prestações com valores mais atraentes.
O caminhoneiro autônomo tem ainda a possibilidade de trocar o veículo por outro caminhão usado, com até 10 anos. Se a proposta for implementada pelo governo federal, a expectativa é que em menos dez anos a atual frota de caminhões com mais de 30 anos esteja renovada. O governo federal se comprometeu a analisar internamente a proposta das entidades e deve apresentar um cronograma de implantação do programa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário