Chegamos ao Ano da Copa! Também teremos eleições para
presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Como
conhecemos a politica brasileira, sabemos que nesta reta final vale tudo. Vale
superfaturar tudo que não foi feito até agora para viabilizar esta famigerada
Copa, com a costumeira alegação de que agora o tempo acabou e precisa ser
feito, custe o que custar. Afinal, é a tradição do futebol brasileiro que está
em jogo. Vamos escancarar as torneiras, pois abertas elas já se encontram há
muito tempo, já que os eventos da Copa não podem atrasar.
Os hospitais, escolas e estradas que se danem, mas os estádios,
carinhosamente chamados de arenas, têm que estar perfeitos. Quanto aos
aeroportos, a presidenta afirmou durante um seminário empresarial na França, em
dezembro de 2012, que iria criar 800 (oitocentos) novos aeroportos, para
fortalecer a aviação regional no país. Alguém sabe onde estão esses novos
aeroportos? Agora, perto da Copa, já vale até fazer “puxadinhos”, pois os
aeroportos existentes estão caóticos.
A ANAC já informou que vai liberar mais 1.500 novos voos para as
cidades que vão sediar jogos da Copa do Mundo, mas de que adianta liberar novos
voos se não temos condições de suportar nem os atuais?Bem, vamos aguardar até
junho, quando veremos a realidade. Também neste início de ano apareceram
palavras novas na mídia, como “rolezinhos”, que o governo insiste em dar uma
conotação de movimentos sociais dos excluídos.
A Ministra da Igualdade Racial, Luiza Barros, chegou ao cúmulo de
dizer que uma parcela da sociedade branca se incomoda com a presença de jovens
negros nos shoppings. Essa tese não resiste à mínima observação direta, onde
vemos negros e brancos conviverem pacífica e democraticamente. Ninguém,
independente da cor, gosta de bagunça em shoppings e sempre que há uma
multidão, há risco de bagunça. Isso não tem nada a ver com racismo ou luta de
classes.
Quando o governo diz que há discriminação de classes e racial,
está mentindo, e quando busca jogar uma classe contra a outra está praticando a
doutrina do sociólogo comunista Karl Marx, para quem a luta de classes é a
força motriz por trás das revoluções. Movimentos orquestrados do MTST
(Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), da Uneafro, Movimento Periferia Urbana
e outros para fazer “rolezão popular” deixam clara a intenção política de se
promover a bagunça. Lembrem-se de que durante a Copa das Confederações
ocorreram movimentos contra a FIFA e a Copa do Mundo, mas os manifestantes
foram barrados pelo governo bem longe dos estádios. Este mesmo governo que hoje
defende os “rolezinhos”.
Na época, as barreiras em volta dos estádios eram necessárias
para preservar a ordem, mas, agora, essa mesma preservação da ordem significa
discriminação racial. Ora, façam o favor de contar essas histórias para outros.
Os “rolezinhos” orquestrados são uma variação urbana dos movimentos que o MST
fez no meio rural. Resta saber como vai se comportar a população que não tolera
mais a desordem e já identificou essa clara tentativa de se promover uma luta
de classes.
*Célio Pezza é escritor e autor de
diversos livros, entre eles: As Sete Portas, Ariane, A Palavra Perdida e o seu
mais recente A Nova Terra - Recomeço. Saiba mais em www.facebook.com/celio.pezza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário