O
estudo de caso do Programa Cultivando Água Boa da Itaipu Binacional foi
apresentado nesta terça-feira, dia 5 de junho, no Planetário da Gávea, no Rio
de Janeiro, durante o Simpósio Global de Universidades para o Desenvolvimento
Sustentável.
A
apresentação foi feita pelo presidente do Instituto Superior de Administração e
Economia da Fundação Getúlio Vargas, Norman Arruda Filho. O programa
socioambiental da Itaipu virou case da FGV, por iniciativa da própria fundação.
Há dois anos, Arruda conheceu o programa e se interessou em transformá-lo num
estudo acadêmico.
O
simpósio faz parte da agenda de eventos da Rio+20, aberto na segunda-feira no
mesmo espaço. Durante a solenidade de abertura, o diretor-geral brasileiro,
Jorge Samek, e o diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, falaram sobre as
ações socioambientais da usina de Itaipu, que tem como âncora o Cultivando Água
Boa.
A
ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, destacou a importância do programa
para manter a matriz energética limpa. “Conheço o CAB e quero ter a
oportunidade de voltar à Itaipu Binacional para poder acompanhar o trabalho de
recuperação de uma microbacia e da granja Colombari, onde os dejetos são
reaproveitados para gerar energia”.
Marcos
Terena, líder indígena e articulador do Comitê Intertribal do Brasil, destacou
a contribuição que a usina hidrelétrica de Itaipu tem dado às comunidades dos
avá-guarani da região. “Essas aldeias se tornaram autossustentáveis graças ao
trabalho do CAB”, disse. Na Rio+20, 46 índios locais estarão representando a
comunidade.
O
debate, organizado pelo Instituto Humanitare, articulou diferentes atores em
torno de um dos temas da Conferência: a definição do que é, na prática, o
desenvolvimento sustentável. A apresentação foi feita na língua inglesa.
O
presidente do Planetário, Celso Cunha, e a representante das Nações Unidas e do
Instituto Humanitare, Sheila Pimentel, abriram o simpósio convidando o
presidente do Isae, para apresentar o estudo de caso “Cultivando Água Boa”,
implantado pela hidrelétrica Itaipu Binacional.
O
programa de desenvolvimento sustentável estabelece uma rede de proteção dos
recursos da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, localizada no oeste do Paraná, na
confluência dos rios Paraná e Iguaçu. Cerca de 1 milhão de habitantes, em 29
municípios, são beneficiados.
As
mais de 65 ações desenvolvidas no programa vão desde a recuperação de
microbacias e a proteção das matas ciliares e da biodiversidade até a
disseminação de valores e saberes que contribuem para a formação de cidadãos
dentro da concepção da ética do cuidado e do respeito com o meio ambiente.
Para
Arruda, o Cultivando Água Boa é “um dos maiores exemplos no mundo de gestão
ambiental aplicada a um grande território e, também, de comportamento
corporativo sustentável moderno, que usa a educação como ferramenta chave para
o engajamento das partes interessadas”.
A
transição para a Economia Verde, tema da Rio+20, é colocada em prática na
região, onde este modelo de gestão territorial tem gerado empregos e novos
negócios sustentáveis.
O
Cultivando Água Boa está relatado no livro “Programa Cultivando Água Boa:
Resultados, Modelo de Gestão e o seu Papel como Referência Mundial”, elaborado
em parceria entre a Itaipu Binacional e o Instituto Superior de Administração e
Economia da Fundação Getúlio Vargas (ISAE/FGV), que será apresentado em outros
momentos durante a Rio+20, que ocorre entre os dias 13 e 22 de junho.
O
livro é resultado de uma pesquisa abrangente dos pesquisadores da FGV sobre o
programa. O interesse era conhecer a origem do programa, seu propósito e modelo
de gestão, quem são os beneficiados e como poderia ser replicado para outras
regiões do Brasil e até do mundo.
Segundo
Arruda, “um dos pontos chave do livro é a correlação entre os princípios da
educação responsável, definidas no âmbito da ONU, com a realidade do que foi
implantado no Cultivando Água Boa”.
Ele
teve a oportunidade de apresentar o estudo elaborado pela FGV na Índia para
outros 33 países. “A repercussão foi muito interessante. A atuação de Itaipu
com o programa Cultivando Água Boa converge para um processo de desenvolvimento
sustentável no seu mais alto grau de complexidade, pelo envolvimento, pelo
tamanho do território, pelo grau de diversidade das diferentes culturas
instaladas na região, e por outro lado, de extrema facilidade”, disse.
E
o sucesso do resultado se deve, para Arruda, ao trabalho de educação que
provocou um grande engajamento da população. “É um modelo totalmente inovador”,
definiu.
O
presidente do Isae concluiu que a parceria entre a FGV e Itaipu trouxe uma
conectividade muito forte de alinhamentos, de valores, princípios, conceitos.
Por meio dessa interação com Itaipu, analisou, “pudemos criticar e aprender.
Esse é o papel dos acadêmicos, fazer a conexão entre os princípios da Academia
e a construção da realidade e estar aberto aos processos de aprendizagem”.
O
vice-reitor da Universidade Federal Fluminense, Sidney Mello, apresentou as
ações da Universidade em direção ao desenvolvimento sustentável, citando a
atuação do LATEC (Laboratório de Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio
Ambiente) na estruturação de uma Universidade sustentável.
Os
professores Walter Leal, da Universidade de Hamburgo, e Michael Shriberg, da
Universidade de Michigan, apresentaram algumas ações que realizam para melhorar
o desempenho ambiental de suas instituições e para formar lideranças e
especialistas nas diversas disciplinas ligadas à sustentabilidade.