Nos últimos anos, a portaria virtual tem se tornado uma alternativa cada vez mais comum em condomínios residenciais e comerciais. O sistema promete reduzir custos, aumentar a eficiência no controle de acesso e substituir a presença física de porteiros por centrais de monitoramento remoto. No entanto, apesar das vantagens aparentes, especialistas em segurança alertam para desvantagens e perigos que ainda cercam essa tecnologia.
Custos menores, riscos maiores?
Um dos principais atrativos da portaria virtual é a redução significativa das despesas condominiais. Sem a folha de pagamento de funcionários, os condomínios conseguem economizar até 60% nos custos mensais. Mas essa economia pode vir acompanhada de vulnerabilidades: em casos de falha na internet, energia ou software, o acesso ao prédio pode ficar comprometido, expondo moradores a riscos imediatos.
“É preciso entender que todo sistema eletrônico depende de fatores externos, como conexão estável e equipamentos atualizados. Uma queda de rede pode significar que o condomínio fique literalmente sem portaria”, explica o consultor em segurança residencial, Marcos Ribeiro.
Perigo da engenharia social
Outro ponto de alerta é a facilidade de golpes. Criminosos experientes em engenharia social podem se aproveitar da distância dos operadores da central para simular situações de emergência ou convencer o atendente a liberar o acesso sem as devidas confirmações. Sem a presença física de um porteiro que conhece os moradores e a rotina do prédio, aumenta a chance de entrada indevida.
Atendimento impessoal e falhas humanas
Embora seja um sistema automatizado, a portaria virtual continua dependendo da ação humana do outro lado da tela. O operador remoto pode se confundir, liberar acessos por engano ou não reagir com a rapidez necessária em situações de urgência, como incêndios, assaltos ou desentendimentos dentro do condomínio.
Para a síndica de um condomínio na Zona Norte do Recife, que preferiu não se identificar, “o atendimento remoto é mais frio, menos atento às particularidades do dia a dia. Um porteiro que está no prédio reconhece rostos, hábitos e consegue perceber quando algo está fora do normal, coisa que a central dificilmente percebe”.
Dependência da tecnologia
Outro risco recorrente é a dependência total da tecnologia. Em bairros com infraestrutura precária de energia ou internet, a portaria virtual pode se tornar um problema recorrente, obrigando moradores a aguardar longos períodos do lado de fora de seus próprios prédios. Além disso, hackers já provaram que sistemas mal configurados podem ser invadidos, expondo dados pessoais dos moradores e até liberando acessos de forma indevida.
A conta final
Embora a portaria virtual seja uma tendência crescente e ofereça vantagens financeiras, sua implementação exige cautela. É fundamental que condomínios avaliem os riscos, contratem empresas idôneas, invistam em redundâncias de energia e internet, além de estabelecer protocolos rígidos de segurança.
No fim, a economia pode custar caro. A ausência de um profissional presente, a fragilidade diante de falhas técnicas e a possibilidade de golpes são pontos que fazem da portaria virtual uma solução que ainda divide opiniões.
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