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17 janeiro 2012

Adolescendo e prevenindo

Orientação sobre o uso de anticoncepcionais nessa fase da vida é fundamental para o planejamento familiar e a prevenção de doenças

Apesar de toda a informação disponível sobre métodos contraceptivos, ainda há muito por fazer. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 16 milhões de adolescentes se tornam mães a cada ano1. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde, a quantidade de partos realizados em meninas entre os 10 e 19 anos caiu 22,4% de 2005 a 2009. Mas ainda assim, só em 2009, mais de 440 mil adolescentes deram a luz2. Para evitar uma gravidez inesperada é importante que a garota seja encaminhada ao ginecologista e receba orientações desde cedo.

De acordo com o Dr. Marco Aurélio Galletta*, responsável pelo Setor de Gravidez na Adolescência da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da FMUSP, a adolescente deve iniciar suas consultas com um ginecologista logo após a primeira menstruação. “Nesta fase surgem diversos questionamentos, inseguranças e, muitas vezes, é quando as garotas iniciam sua vida sexual”, afirma. As consultas seguintes devem acontecer anualmente, para acompanhamento, mas também podem ser agendadas antes, quando houver a necessidade de explicações sobre sexualidade ou surgir algum incômodo. “É importante que a jovem tenha confiança neste especialista, o questione e permita que ele esclareça suas dúvidas, tais como o significado da menstruação, fecundidade, doenças sexualmente transmissíveis e a oriente sobre os diferentes métodos anticoncepcionais”, complementa.

O especialista alerta para outro fato alarmante: muitas meninas não usam métodos anticoncepcionais por pura inconsequência. E muitas, quando utilizam, optam pelos métodos prescritos pelo médico de uma amiga, segundo o que presencia no consultório. O ideal é que a adolescente procure um ginecologista antes de iniciar sua vida sexual. Este especialista vai verificar como está a sua saúde, prescrever o contraceptivo mais apropriado e explicar sobre a importância da prática do sexo seguro, livre de doenças com o uso frequente de preservativos, evitando também uma gravidez não programada.

E opções de contraceptivo não faltam. “Com baixas dosagens hormonais, menos agressiva ao organismo e com pouco ou nenhum efeito colateral, a pílula é a mais indicada para essa fase da vida”, explica. “Além de proteger contra uma gravidez indesejada, a pílula regulariza o ciclo menstrual, diminui as cólicas, a acne e a TPM, muito comuns na adolescência”, conclui o especialista.

Existem diversas opções de pílulas anticoncepcionais no mercado, entre elas: Minesse (gestodeno, etinilestradiol) - contraceptivo oral com ultra-baixa dosagem de estrogênios; Harmonet (gestodeno, etinilestradiol) - pílula com baixa dosagem de estrogênios e Nordette (levonorgestrel, etinilestradiol) – contraceptivo oral, cuja combinação de hormônios é comprovadamente mais segura para evitar a trombose, de acordo com estudos comparativos publicados no British Medical Journal (BMJ)3,4.

Para garantir sua eficácia, é importante que a pílula seja tomada diariamente, sem esquecimentos, preferencialmente sempre no mesmo horário. “A pílula anticoncepcional deve ser tomada com responsabilidade e pode ser usada desde a menarca - primeira menstruação – oferecendo proteção e a oportunidade da adolescente planejar seu futuro”, esclarece Galletta.

* Responsável pelo Setor de Gravidez na Adolescência da Clínica Obstétrica do Hospital das Clínicas da FMUSP; Diretor e Fundador da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia da Infância e Adolescência (SOGIA-BR); Docente da Disciplina de Atenção Primária à Saúde da Faculdade de Medicina da USP

Referências
3.Lidegaard O, Lokkegaard E, Svendsen AL, Agger C. Hormonal contraception and risk of venous thromboembolism: national followup study. BMJ 2009;339:b2890
4.11 VanHylckama Vlieg A, Helmerhorst FM, Vandenbroucke JP, Doggen CJM, Rosendaal FR. The venous thrombotic risk of oral contraceptives, effects of oestrogen dose and progestogen type: results of the MEGA case-control study. BMJ 2009;339:b2921

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